Contêiner vira moda e abriga bares, padaria e espaços culturais

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Contêiner vira moda e abriga bares, padaria e espaços culturais

[Tivemos a honra de executar os projetos do Pitico Bar e Sesc Campo Limpo, citados nesse artigo]

Pelo dicionário, um contêiner é um recipiente de metal ou de madeira destinado a transportar carga em navios e trens. A definição vem sendo desafiada em São Paulo, onde os caixotes móveis agora também são usados em terra firme para abrigar atrações gastronômicas e culturais.

Nos últimos meses, ao menos seis estabelecimentos abriram as portas em contêineres. É o caso da área de eventos da padaria Julice, em Pinheiros, e do Cadillac Bar, na Mooca; hamburguerias, bares e galerias também apostam no formato. Praticidade, visual descontraído e custo baixo estão entre as vantagens apontadas por empresários para montar negócios nessas estruturas.

“A ideia era usar alvenaria, mas o contêiner foi financeiramente vantajoso”, diz Gustavo Martins, sócio do Bartainer, em Santo Amaro. O espaço, com três boxes, demandou investimento de R$ 40 mil há escritórios especializados em comprar contêineres de empresas de logística e reformá-los.

Para o público, fica a graça de descobrir os novos usos dados a essas caixas. Encaixe o roteiro a seguir na sua programação.

GULOSEIMAS

Julice Boulangère

A casa de pães artesanais da chef Julice Vaz inaugurou, em agosto, um espaço de eventos bem ao lado da padaria em Pinheiros. Formado por 13 contêineres, o local foi pensado para receber aniversários, casamentos intimistas, batizados, palestras, aulas e eventos corporativos com até 35 pessoas. O cliente loca o espaço, paga por pessoa e a padaria se encarrega das louças, dos garçons e da limpeza. Há três opções de cardápio prontas: o Brunch (R$ 89,90 por pessoa), por exemplo, inclui cesta de pães artesanais, manteiga, geleia, tartine de tomate e manjericão, frios, crepe de queijo, sobremesa de chocolate, iogurte com granola, salada de frutas e bebida quente. Quem preferir pode montar um menu personalizado.
Onde: r. Dep. Lacerda Franco, 536, Pinheiros, região oeste, tel. 3097-9162

Luz, Câmera, Burguer!

Os sócios da produtora de filmes R2O começaram a fazer hambúrgueres em um food truck em 2014. No início deste ano, se renderam ao ponto fixo e inauguraram uma lanchonete. O espaço foi montado com dois contêineres, tendo em vista os conceitos de reúso e aproveitamento de materiais. Até o fim deste mês, a hamburgueria deve ganhar um novo box.
Ele abrigará um bar, com carta de drinques assinada por Marcos Felix, do bar., eleito o melhor barman do Brasil na competição World Class 2016. O teto da estrutura vai virar uma varanda e receber shows e apresentações de DJs.
Onde: r. Caravelas, 339, Vila Mariana, região sul, tel. 3564-5410

BARES

Pitico

Fica no espaço de um estacionamento, lembra uma praça e reúne cinco contêineres. Mas é um bar. Desde que abriu as portas, no início do ano passado, o Pitico dos mesmos donos do Pita Kebab, em Pinheiros vive cheio. Os contêineres funcionam como balcão de drinques e cozinha. Uma das ideias era brincar com mobilidade e espaço, e a estrutura se encaixou perfeitamente nisso. Sem falar na rapidez de montagem e no menor custo, diz Maurício Cavallari, sócio do bar. As cadeiras de praia e os paletes substituem as mesas e completam a atmosfera informal que caiu no gosto dos clientes.
Onde: r. Guaicuí, 61, Pinheiros, região oeste, tel. 3582-7365

Cadillac Bar

Há menos de um mês, a lanchonete Cadillac Burger, na Mooca, ganhou um espaço para bebericar. É o Cadillac Bar, instalado na lateral externa da lanchonete. São dois contêineres: o de baixo tem sofás para os clientes se acomodarem, e o de cima, subindo algumas escadas, é onde fica o bar. José Americo Crippa, o Tatá, proprietário do lugar, trouxe a ideia de usar contêineres de Miami, onde viu diversos espaços com essa mesma estrutura e se inspirou. O foco do bar é a carta de drinques, que contempla clássicos e exclusivos. Vale provar o Golden Cadillac (R$ 24), que leva licor artesanal de ervas.
Onde: r. Juventus, 296, Parque da Mooca, tel. 2273-8074

Bartainer

Inaugurado no fim de agosto em Santo Amaro, o bar foi montado com três contêineres num local espaçoso, com tenda, ombrelones, mesas e paletes com almofadas. O sócio-proprietário, Cleiton Pereira, diz que escolheu esse tipo de estrutura por causa do apelo ecológico, já que é um material reutilizado. O formato nos pareceu ideal pois, além de substituir a alvenaria, deu um impacto visual descontraído. O local oferece cervejas em garrafa, chope Brahma, caipirinhas, drinques e shots. Para comer, food trucks se revezam.
Onde: av. Washington Luís, 1.752, Santo Amaro, região sul, tel. 98972-2222

BrewDog

Uma das pioneiras da onda, a filial brasileira da cervejaria escocesa inaugurou, em 2014, uma loja de cervejas especiais instalada em um contêiner, logo na entrada do bar. O modelo foi inspirado nas lojas de bebidas do Reino Unido a marca tem 12 do tipo por lá e a estrutura simples não demandou grandes mudanças no projeto arquitetônico da casa. Entre os rótulos que podem ser adquiridos há alguns de marca própria, como a Brewdog Punk IPA (R$ 20) e a recém-lançada Elvis Juice (R$ 22), e nacionais, a exemplo da Urbana La Sorciere (R$ 25).
Onde: r. dos Coropés, 41, Pinheiros, região oeste, tel. 3032-4007

GASTRONOMIA

Vila Butantan

O extinto Butantan Food Park hoje abriga a Vila Butantan, uma área com mais de mil metros quadrados. Os food trucks ainda param por lá, mas, desde agosto, dividem espaço com uma estrutura de 43 contêineres que formam um complexo com lojas de roupa, design, lanchonete e pizzaria. “Além de serem reciclados, os boxes são uma opção mais rápida e barata para montar um negócio em áreas que estão sendo revitalizadas”, explica Octávio Horta, um dos sócios. No local estão casas como Vinil Burger, Forneira Urbana e Anusha Chocolates. O teto do segundo andar abriga o Bar Lá em Cima, que oferece cervejas e drinques com vista agradável da região.
Onde: r. Agostinho Cantu, 47, Butantã, região oeste, tel. 3564-8731

Língua
O espaço gastronômico funciona desde o fim de outubro na Vila Mariana, numa área de 500 metros quadrados. Por ali, não estacionam food trucks, já que opções de comes e bebes ficam instaladas em cinco contêineres. O uso da estrutura fixa condiz com a proposta do espaço, que é ter número reduzido de casas para evitar a concorrência. Operam seis marcas, caso da Bronx Hamburguer, que também vende lanches em Moema (de R$ 18 a R$ 32), e da Mr. Poke, de cozinha havaiana (a versão com salmão do prato que dá nome à casa custa R$ 38 e vem com arroz, alga e casquinha frita).
Onde: r. Humberto I, 1.007, Vila Mariana, região sul, tel. 3804-5422

ESPAÇOS CULTURAIS

Sesc Campo Limpo

Os contêineres que integram a unidade estão ali desde 2014, quando ela foi inaugurada, e devem permanecer no espaço até a construção ser finalizada ainda não há previsão para isso. Por enquanto, as apresentações artísticas, os eventos esportivos e as oficinas seguem acontecendo nos 42 contêineres. É o caso da performance artística “Filhas da África: Resgate da Deusa”, realizada neste sábado (12), às 18h20. O foco são as deusas e as rainhas africanas que simbolizam o poder feminino.
Onde: r. Nossa Senhora do Bom Conselho, 120, região oeste, tel. 5510-2700

Superloft

O empresário Alex Tessitore, idealizador do espaço cultural, trabalha com contêineres desde 2008. A ideia sempre foi aproveitar a mobilidade da estrutura para fazer locais itinerantes, diz. Em 2014, ele criou o Superloft em Pinheiros. “Optei pelo uso de contêiner por ser uma caixa metálica que pode carregar diferentes conteúdos e possibilitar uma ocupação cultural”, completa Tessitore. Os 34 contêineres recebem shows, espetáculos e workshops, entre outras atrações. Neste sábado (12) acontece a festa MPA, com discotecagem de trap e hip-hop.
Onde: r. Card. Arcoverde, 2.926, Pinheiros, região oeste, tel. 5044-5558

GALERIAS

Galer[it]

No começo de outubro, a unidade dos Jardins da Baró Galeria inaugurou a Galer[it]. Com dois andares e cerca de 100 metros quadrados, ela é um anexo feito de quatro contêineres que poderá se deslocar por São Paulo e outras cidades. Para a galerista Maria Baró, a estrutura partiu da vontade de levar o espaço a outros lugares que não tenham um mercado consolidado de arte. A partir de 19/11, o local recebe a mostra Terra Firme, de Pedro Vaz. O artista criou o trabalho a partir de uma residência na Reserva Florestal Adolpho Ducke, na Amazônia.
Onde: r. da Consolação, 3.417, Jardins, tel. 3661-9770

Leica Gallery

Utilizado como anexo expositivo, um contêiner está disposto na área externa do edifício dos anos 1930 que desde 2015 abriga a primeira galeria da Leica na América Latina. O espaço recebe, vez ou outra, exibição de filmes com direito a pipoca. Até o fim de novembro, a galeria apresenta a mostra “Wall Street”, que reúne imagens clicadas pelo fotógrafo norte-americano Darryl Sivad.
Onde: r. Maranhão, 600, Higienópolis, região central, tel. 3512-3909

PAPO DE ARQUITETA

Mariana Simas, 35, arquiteta e uma das diretoras do Studio Mk27, já realizou projetos com contêineres. Confira a entrevista abaixo.

Quais são as vantagens e as desvantagens de ter um espaço em um contêiner?
O mais interessante é o reúso de um objeto descartado e tão simbólico da nossa economia de trocas. A desvantagem é que a chapa metálica de que ele é feito é um condutor de calor, portanto uma camada de isolamento térmico e acústico deve ser feita em toda a estrutura.

Quais cuidados devem ser tomados?
Com a temperatura [que pode ficar muito alta], certamente. Principalmente a cobertura, por onde 80% do calor é irradiado para o espaço interno. Além disso, toda abertura feita nos contêineres vira uma aresta cortante e tem que ter algum trípode [estrutura de três pés], acabamento ou detalhe.

É uma tendência utilizar contêineres?
Vários arquitetos têm empregado o contêiner em suas obras, com inúmeras soluções. É uma boa ideia que tem que ser explorada.

Como arquiteta, trabalhar com contêineres é interessante? Muito. É uma brincadeira de Lego.

MARIANA AGUNZI e MARIANA MARINHO
GUIA FOLHA DE SÃO PAULO
11/11/2016
Imagem: Divulgação / Reprodução Guia Folha



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